Espondilólise e Espondilolistese

 

 

Espondilólise e espondilolistese são duas condições que afetam a região de trás das vértebras. Na espondilólise ocorre um desgaste do osso no processo articular (uma proeminência da região de trás da vértebra) ou nas imediações deste. O processo articular de uma vértebra abaixo entra em contato com o da vértebra acima, e esse contato impede que a vértebra de cima deslize para frente, por sobre a vértebra de baixo.  

 

Pois bem, o desgaste que ocorre na vértebra acaba gerando uma fratura de stress. A fratura de stress é uma fratura que ocorre devido à sobrecarga repetitiva no osso. Sendo assim, espondilólise é a fratura de stress que ocorre nas estruturas posteriores da vértebra (próximas ao processo articular, ou nele).

 

Na espondilólise há apenas a fratura, porém, não há deslizamento de uma vértebra sobre a outra. O mesmo não acontece na espondilolistese. Nesta há sim o deslizamento da vértebra de cima por sobre a de baixo.

 

 

                                                                      vista lateral das vértebras

 

 

O processo articular (e imediações) que mencionamos, existe nos dois lados da vértebra. Quando a fratura de stress acontece de apenas um lado, a vértebra tende a manter sua posição. Porém, se essa fratura ocorre dos dois lados, pode ocorrer o deslizamento da vértebra de cima, por sobre a de baixo. Esse deslizamento é chamado de espondilolistese. Ou seja, a espondilólise pode anteceder a espondilolistese.

 

 

A espondilolistese é o deslizamento de uma vértebra sobre a outra.

 

A espondilolistese pode ter origem em outros defeitos, como má-formação óssea ou degeneração da coluna.

 

 

 

Quais são os tipos de espondilolistese?

 

Existem diversos tipos de classificação da espondilolistese, que variam de acordo com a região da vértebra que está permitindo o deslizamento ou à origem da lesão que permite o deslizamento.

 

No tipo I, que é chamado de espondilolistese ístmica, há a fratura ou defeito na faceta articular.

O tipo II é a espondilolistese congênita, ou seja, existe uma alteração no osso que faz com que uma vértebra esteja deslizada sobre a outra. Isso vem do berço, não é adquirido.

O tipo III é a espondilolistese degenerativa, que ocorre pela degeneração da coluna e do disco intervertebral.

O IV ocorre devido a um alongamento da região de trás da vértebra. Pode ser, por exemplo, uma fratura no osso, que não ocorre na faceta articular.

O tipo V é a espondilolistese devido a doenças, como um tumor.

 

 

 

 

 

Existem também 4 níveis (I, II, III e IV) de graduação, de acordo com o quanto uma vértebra se deslizou sobre a outra. Essa graduação é feita com base numa radiografia lateral. O nível I equivale a um deslizamento de até 25% do corpo vertebral, o nível II a 25 a 50% de deslizamento e assim por diante.

 

 

 

E como ocorre a fratura de stress ou a sobrecarga que gera a espondilólise e a espondilolistese?

 

Pois bem, como discutimos anteriormente, quando inclinamos a coluna para trás pode ocorrer uma sobrecarga devido ao maior contato que ocorre de uma faceta articular com a outra. Esse contato, e sua sobrecarga, sendo gerado repetidas e repetidas vezes, pode desgastar o osso da faceta, levando-o posteriormente a uma fratura de stress.

 

Uma pessoa que tenha hiperlordose, que é o aumento da curvatura da coluna lombar, pode estar com uma sobrecarga contínua nas facetas articulares, e isso pode favorecer também o aparecimento da fratura de stress (espondilólise) e, possivelmente, a espondilolistese.

 

Nem sempre que ocorre a fratura de stress bilateral vai haver espondilolistese. Isso pois existem também os ligamentos encobrindo as facetas, o disco intervertebral e os músculos da coluna (os multífidos, especialmente), e eles podem ajudar a impedir ou diminuir o deslizamento apesar da fratura.

 

 

 

Quais os sintomas da espondilolistese?

 

De uma forma geral, os sintomas entre os diversos tipos de espondilolistese são similares, envolvendo dor nas costas agravada durante os movimentos de inclinar para trás ou de girar o tronco para os lados. Porém, muitas pessoas não apresentam sintomas.

 

Alguns casos podem apresentar dor que desce pela coxa e perna, em padrão similar ao de uma dor ciática.

 

 

 

Qual o tratamento para a espondilólise e para a espondilolistese?

 

Na maior parte das vezes, o tratamento é fisioterapêutico, e envolve, principalmente, a estabilização adequada de tronco, coluna e abdômem. O trabalho de estabilização feito adequadamente tende a eliminar os sintomas, mas outras alterações que podem ser encontradas, como encurtamento da musculatura posterior da coluna, hiperlorodose lombar, anteversão pélvica, assimetrias posturais ou estruturais (como a diferença de tamanho das pernas) devem ser levadas em conta e tratadas, visando um trabalho completo.

 

Outro aspecto fundamental é a consideração em relação à modalidade esportiva eventualmente praticada por alguém com espondilólise ou espondilolistese. Além do trabalho de estabilização é importante também o trabalho de utilização adequada da musculatura dentro do gesto esportivo, assim como a correção de eventuais compensações que gerem mais sobrecarga na coluna. Movimentos compensatórios ou excessivos por parte de um atleta podem ser a verdadeira causa da sobrecarga na coluna que gerou a espondilólise ou a espondilolistese. Descobrir e corrigir esses movimentos pode ser a diferença entre um tratamento que funciona até certo ponto e outro que realmente resolve o problema.

 

A educação a respeito das atividades e exercícios de manutenção após a alta da fisioterapia é outro aspecto fundamental, manter a estabilização da coluna é fundamental para todos, especialmente para indivíduos que tenham espondilólise ou espondilolistese, e mais importante ainda quando praticantes de esporte.

 

Somente em poucos casos é necessária uma intervenção cirúrgica.

 

 

 

 

Comentários   

#1 Luiz De MIRANDA Lope 16-02-2016 13:17
E quando ocorre espondilolistes e com escorregamento para trás - no caso em L2-L3 e em L5-S1, associado a hérnia grande em L2-L3 e outras menores em toda lombar??

Parabéns pelo texto acima, pois está bastante elucidativo.
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#2 Claudio Rubens 26-02-2016 00:45
Olá Luiz,

a sintomatologia não tem ligação direta com o exame de imagem. Muitas alterações não são sintomáticas, e muitas dores não se devem às alterações.

Atenciosamente,

Claudio Rubens
Fisioterapeuta
Crefito 3 - 45360-F
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